domingo, 5 de dezembro de 2010

Black Coffee

Fazemos de conta que não estou a três dias sem dormir, que não estou com dores no corpo e que também não estou cansada da minha cara, revelando uma expressão que aparenta eu ter dez anos a mais que minha idade verdadeira.
Ainda estou acordada pelo café. Ah, o que seria da minha humilde vida sem o café!? Já é tarde, e eu gostaria de dormir, aliás, hoje eu posso dormir, não tenho mais nada a fazer e nenhum lugar a ir. Mas simplismente não durmo. E o que eu faço? Sirvo-me de mais uma agradável xícara de café. Sinto que dessa vez coloquei açúcar demais, e isso realmente não me agrada. Mas sigo tomando-o.
Antigamente eu podia tomar café sem açúcar,(e sem qualquer tipo de adoçante, corante, fertilizante{?} qualquer)café puro, forte, natural, puríssimo, eu diria. Como uma planta recém retirada de um jardim.
Porém, mais tarde, na medida que começavam a aparecer alguns problemas de saúde, pra não ter que eliminar o café da minha vida(algo que pra mim seria algo quase inatingível), tentei ir acrescentando açúcar à minha vida, ou melhor, ao meu café.
Me acostumei. Mas não me conformo, neste café, exagerei no açúcar e isso ainda não me agrada. Isso me fez lembrar uma música: Black Coffee. Do Black Flag.
Não dormirei. Sabe por que? Bem, eu não sei responder. Apenas não sinto vontade. E agora acabo de lembrar que o tempo que antes existia pra eu poder viajar em um mundo repleto de sonhos,ou pesadelos-se eu tiver menos sorte-já não existe mais.
Acabo de lembrar-me também que comprei um belo livro ontem, e preciso termina-lo hoje, ou melhor, agora.
Portanto troco as viajens de um belo sonho(correndo ainda o risco de serem horríveis acontecimentos de um pesadelo), por uma viagem melhor, uma viagem real mesmo sendo fictícia. Por que não? Se até a vida por mais real que seja muitas vezes nos parece com ficção.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pequenas igrejas, grandes negócios


Depois de uma noite difícil de insônia me encontro aqui, pela manhã, pensando, com sono. Como se estivesse de ressaca ou algo do gênero. Escolho um livro para começar a ler, acho que o começo de um livro é sempre interessante.
Não procuro sair do meu quarto, porque hoje, quando saio, a sensação é de estou em um hospício, completo de pessoas com problemas mentais prontas a atacar-me da maneira mais cruel possível. A diferença é que essas pessoas a quais me refiro não possuem problemas mentais, só aparentam possui-los.
Caos. Completo caos.
Estava agora lendo em uma revista (já deixei o livro de lado...), uma matéria sobre católicos, gregos ortodoxos e armênios ortodoxos que pretendem reformar uma igreja, local onde teria nascido Jesus(?).
A Igreja da Natividade, fica em Belém -território palestino em Israel- e foi construída em 327 d.C. Fiéis e simpatizantes sempre se mostraram dispostos a ajudar a igreja, e segundo o representante da Custódia da Terra Santa no Brasil, o frei Ivo Muller: "Através dos séculos, relatos confirmam que aquele é o lugar original do nascimento de Jesus Cristo."
Se este foi realmente o lugar onde, supostamente, Jesus teria nascido, por que a igreja foi construída 327 anos depois? E por que essas pessoas que se dizem "fiéis" demoraram tanto tempo assim para lembrar da existência da igreja e ainda querer uma rápida reforma? Enfim, essas coisas não foram feitas para se entender...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pessoas vazias


Estranho pensar em como as coisas começam e terminam de uma forma inexplicável. De como o tempo passa, rápido, e leva coisas do nosso alcance, coisas essas que nunca pensamos em perder, depois de ter pensado em nunca as possuir.
Nos impressionamos com pessoas que antes não haviam nos despertado a atenção, e nos decepcionamos com outras que costumavam ser nosso foco principal.
Às vezes me pego analisando as pessoas, talvez por vontade de conseguir me relacionar com elas. Mas na maioria das vezes desisto, simplesmente sinto que elas não servem pra mim, e vice-versa.
Esse assunto transpareceu hoje em mim por o simples fato de ter encontrado uma velha amiga. Velha amiga mesmo. De uns tempos legais, tempos em que ligávamos pra pouquíssimas coisas e divertia-mos com tudo e todos. Uma amizade bonita, e como pensávamos, duradoura. Porém, como todos sabem, a vida não é bem assim...
Suponho que o jeito seja aproveitar ao máximo as pessoas(existe uma certa diferença entre "aproveitar" e "se aproveitar"). Usufruir do que elas tem de bom, sem levar tão em conta assim os defeitos. Um dia tu irás se decepcionar com ela mesmo, então, por que não levar algo bom disso tudo?

Bye Bye Baby - Joey Ramone.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

The answer is blowin' in the wind...


Chego no bar, o bar de sempre. Peço um café, forte. Dessa vez o que muda não é o bar, mas sim o pedido. Talvez por ser oito horas da manhã.
Sexta-feira; Manhã chuvosa, manhã incerta.
Acaba de chegar meu café. Acendo um cigarro. O moço do bar me nota e percebe que estou escrevendo, pergunta-me se desejo que ele acenda as luzes, digo-o que sim e agradeço.
Analiso, no entanto, não há tantas coisas para se analisar. Percebo um velho homem sentado em uma mesa perto da minha, demonstrando em sua expressão insegurança e incerteza dos diversificados fatos do cotidiano. Uma mulher chega ao bar, e senta-se, o acompanhando, mas o olhar indiferente do homem faz com que demonstre que não a conhece, ou faz-se de despreocupado. Os dois saem juntos.
Agora resta comigo meu café, meu cigarro, e eu, ainda observando cada movimento(mesmo que não haja tantos para observar).
Na rua os carros passam, barulhentos e apressados;
Nas calçadas as pessoas...ah, as pessoas... com seus guarda-chuvas e suas faces insatisfeitas por mais um dia... Rotina impiedosa.
Termino de tomar meu café, e vou embora, para onde eu não sei, apenas saio. Talvez para um lugar aonde haja mais o que observar que não seja um velho homem que nem ao menos sei se sabe a sua identidade.
Enfim, talvez a mulher o conte que é sua esposa, e ele acabe por descobrir, esquecendo outra vez com o porre do amanhã, e a vida continua, sem cessar, ela nunca cansa, quem cansa somos nós...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Palavras, café, cigarros e Bellotto.


Depois de muito café, depois de muitos cigarros, e também depois de muita leitura sobre diversificados temas, concluo que estou cheia de informações, em um grau efusivo de loucura(se é que isso existe). Eu estava lendo como se o mundo fosse terminar em cinco segundos, ou como se fosse acontecer uma catástrofe que levaria todos os livros e palavras do meu alcance.
Minhas mandíbulas estão doendo. Porque leio falando, e repito, repito muitas vezes quando me interessa ou quando desejo compreender melhor o que acabei de ler. Acabei de ler textos do Tony Bellotto, que escreve muito bem, por sinal, assim como toca guitarra(talvez eu seja suspeita para falar). Gosto do jeito que ele escreve e isso me chama a atenção, sempre, querendo descobrir como acabarão seus textos; pensando em diversificados finais, mas quase sempre me surpreendendo com um que nem ao menos me passou pela cabeça.
Enfim, leio, penso, repito o que li, falo sobre o assunto com meus amigos(mesmo que eles não estejam interessados em me escutar), ou simplesmente escrevo, como estou fazendo agora, sem rascunho algum, apenas escrevendo as loucuras que passam pela minha cabeça neste momento. Escrever é ótimo, algum dia espero especializar-me melhor no ato de escrever. Obviamente e visivelmente ainda tenho muito o que aprender.

Leia, pense, conclua, debata. Faz bem.
Tome café, e não fume(cigarro). Serei hipócrita na questão do cigarro, mesmo.


03:14 de uma madrugada de quarta-feira, bastante agradável.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Onde houve beleza ficou dito tudo.


Difícil levar uma vida sem um pedaço de ti; Difícil administrar situações que não eram para serem só do teu interesse; Difícil carregar pesos que não são favoráveis a nossa unica e imutável força; Complicado falar sobre assuntos que não lhe caibam e não lhe vem a memória como o desejado. Complicado mesmo não entender os motivos para as injustiças que lhe roubam pessoas e lhe deixam sem um pedaço de si, que deixam o teu coração batendo mais triste e mais lentamente. Olhar para trás e sentir saudades, olhar para frente e sentir medo do que ainda possa acontecer, já que faltará aquele teu pedaço para lhe socorrer e lhe dizer incansáveis palavras de consolação, que provavelmente mesmo não ajudando, adiantarão. Entretanto, é bonito olhar e lembrar, saber que um dia tu estiveste completo e que com certeza nessa época não lhe faltara nem sequer um minuto de alegria, por menor que fosse. E que esses dias permanecerão juntos na memória, independente do tempo que passe e das pessoas que passarão pela tua vida. Porque esses momentos sempre foram inesquecíveis e eles são a unica certeza que tu carregarás por toda tua vida, passando pelos mais pavorosos problemas, sempre com a certeza de que teu herói tu não poderás mais tocar, mas que ele com certeza estarás junto a ti, te aconselhando, mesmo que indiretamente. E esse indiretamente tu saberás e sentirás que será o mais direto que possa existir.
DAD ♥

terça-feira, 20 de julho de 2010

Nostálgico, talvez

A esperança é a primeira a morrer
Sempre que penso em você
A solidão é a primeira a surgir
Sempre quando penso em eu e você.
Sempre que corro pra te alcançar
Voce adianta os passos, e foge
Pra longe de mim.
Sempre que quero alguém, me sinto sem ninguém
Quando desejo solidão, voce revive meu coração, sem saber a intenção.
Com promessas baratas seguimos então
Sem saber como tudo ficou assim.
Só de viver ja sabemos o erro que é
Sentimento destrutivo, mas não intencional
Uma vida sem sinal
Recompensa de viver como somos
E o destino que nunca sonhamos.

terça-feira, 30 de março de 2010

Fomos destinados a fingir

Estou me sentindo forte e vivo, no auge da minha vida
Vamos fazer um som, ganhar uma grana, escolher algumas modelos pra casar
Vou me mudar para Paris, injetar heroína e foder com as estrelas
Você é o encarregado pela ilha, a cocaína e os carros elegantes

É uma decisão nossa de viver rápido e morrer jovem
Nós tivemos a visão de mundo, agora vamos nos divertir um pouco
Tudo bem, é impressionante, mas o que mais poderíamos fazer?
Arrumar empregos em escritórios e acordar de manhã para viajar à trabalho?

Esqueça nossas mães e nossos amigos
Nós fomos destinados a fingir

Vou sentir saudades das brincadeiras, dos animais e de cavar procurando minhocas
Vou sentir saudades do conforto de minha mãe e do peso do mundo
Vou sentir saudades da minha irmã, do meu pai, do meu cachorro e da minha casa
É, vou sentir saudades da chatisse, da liberdade, e do tempo passado sozinho

Mas não há nada que possamos fazer
O amor deve ser esquecido, a vida sempre pode recomeçar
As modelos terão filhos e nós nos divorciaremos
Encontraremos outras modelos, a vida deve seguir o seu curso

Nos afogaremos no nosso vômito e esse será o fim
Nosso destino é fingir

Solidão é castigo

Vida como qualquer outra.
Rotina impiedosa, saudade assustadora, tédio arrebatador.
Vida quase que por acaso, destino incerto.
Não tenho como confiar em tal coisa...
Procurando dedicamente meu passado,
momentos quase que perfeitos, sem pressa de passar,
porém os encontrando somente na imagem que satura a minha própria e terrivel solidão.
Vida sem gosto, luto sem morto.
Tristeza com motivo. Solidão é castigo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

tudo em vão

Tudo que antes era simples e perfeito hoje se tornou apenas simples, sem gosto, sem jeito. Francamente eu preferia os tempos em que a simplicidade virava perfeição. Talvez eu tenha sido derrotada por coisas que antes eu apreciava. O céu de antes hoje é meu inferno. E eu vivo com esse peso em mim. Quero sair, quero voltar, talvez correr atrás, mas agora também ja é tarde demais e eu simplismente não vejo solução. Não vejo o que fazer. Apenas espero, espero o dia da derrota final, do fim fatal. E só assim saberei o meu caminho, a minha verdadeira direção. Mas enquanto isso, continuo fazendo coisas sem sentido, tudo em vão.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Nuevo

Nuevo es este cielo, es nuevo para mí
dos torres cayeron, lo siento por ti
en fin no hay nada nuevo, ni más antiguo que el sol
son dos pies haciendo el amor
en las bocacalles, en un callejón
en la 9 de julio, en rosario, en new york
dame un beso en la boca y no me digas que no
vas a ver que se pasa el dolor
no creo en casi nada
que no salga del corazón
no me voy a cargar toda tu boludez
no da ni para conversación
nuevo es ser viejo, nuevo es morir
renacer cada día y volver a escribir
nuevo es increíble y también tradición
vuelvo nuevo a tocar rock and roll
no creo en casi nada
que no salga del corazón
no me voy a cargar toda tu boludez
no da ni para conversación
nueva es esta cosa, es nueva para mí
tampoco es nuevo vivir ya sin ti
de nuevo aquí en el barrio y los muchachos me ven
vuelvo nuevo y empiezo otra vez
vuelvo nuevo y me pierdo otra vez
vuelvo nuevo y te quiero otra vez

sábado, 6 de fevereiro de 2010

1982

E se foi o permitido
Hoje nada mais faz sentido
O que era de costume
Hoje ja não se assume
"Me diga o que ser que eu vou fazer"
Tudo ao contrário pra não te obedecer

Hoje atrás do vidro
Leio o aviso pra me conter
E não me misturar nessa porra de poder

Fiz o meu mundo, e mal sei tuas leis
Eu por eu, vocês por vocês
Quero poder, quero crescer
E isso não depende mais de vocês

Hoje atrás do vidro
Leio o aviso pra me conter
E não me misturar nessa porra de poder

Tentei te entender
Mas não consegui viver
Tanto faz se é eu ou você
Ninguém vai se entender

Hoje atrás do vidro
Leio o aviso pra me conter
E não me misturar nessa porra de poder

(Thá Rizzon - Patrícia Guedes - Vanessa Dornelles [Kennedy's])

Fugaz

Quanto tempo mais
Meu coração vai dar pra trás
Se tudo com o tempo se desfaz
E o meu amor se tornou fugaz

Sinto em sentir por nós
Não quero um tempo à sós
Estou de mal comigo
E o tempo é o pior castigo

Mesmo que tente me calar
E minhas palavras sufocar
Meu objetivo ainda é te ter
E parar de escrever
Rimas postas em um papel
Invisivel aos teus olhos
A ti vou ser fiel

Sinto em sentir por nós
Não quero um tempo à sós
Estou de mal comigo
E o tempo é o pior castigo

(Thá Rizzon - Vanessa Dornelles)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Hoje



Hoje o sol não vai brilhar
Hoje eu não vou sorrir
Hoje o tempo vai virar
Hoje a porta vai abrir
Hoje tudo vai mudar
Hoje eu não vou pedir

Pra você ficar
Pra você não ir embora
Pra você dormir
Pra você perder a hora

Hoje eu não vou sair
Hoje a dor não vai passar
Hoje a chuva vai cair

Hoje o mundo vai parar
Hoje alguém vai se ferir
Hoje eu não vou falar

Pra você não ir
Pra você ficar pra trás
Pra você deitar
Pra você dormir em paz

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Pior Veneno (incompleta)

"Te peço por favor, venha me buscar
Quando minha cabeça não puder mais aguentar

Te vejo em cada passo que dou,
Procuro teu nome em cada palavra que digo,
Ao lembrar de nós dois juntos, meu pensamento voa, atoa

E isso me atordoa
Eu não aguento mais, não aguento
É de noite e de dia
Esse pensamento me atordoando
A cada momento
Teu perfume pra mim é o pior veneno..."

(Shaolin Ertzogue - Vanessa Dornelles)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Inconscientizar!

Essa coisa de rimar não é comigo
Mas sei que o inconsciente é meu melhor amigo
Sendo assim ele esta sempre comigo
Me acompanha, me dá abrigo
Basta apenas eu chamar, um grito, um olhar
Em todas emoções, rimas e canções
Aqui de novo para concretizar minhas opiniões
Modificar conceitos, ensinar lições

(Garcia - Vanessa)

Meio Chico Buarque

Rumo Quase Que Perdido

Trancado, isolado de mim
vejo tudo, vejo o jardim
vejo tudo que eu quiser, enfim

não foi eu quem escolhi o rumo das coisas
não quis tudo assim
rumo erroneo, rumo que se perde
se perde como eu, se perde por aí

Quero tudo ao meu alcance
como que num relance
não sei que rumo tudo vai tomar
pretendo tentar, descobrir, modificar

Quero tudo ao meu alcance
como que num relance
não sei que rumo tudo vai tomar
pretendo tentar, descobrir, modificar


Malandragem

Eu vim fazer uma homenagem a malandragem
A face da sinceridade
Que bem conheço de outros carnavais
Eu fui lá, lá pra visitar
Mas perdi viagem

Porque toda aquela malandragem
Não existe mais

Agora ja me parece normal
O que era malandro
Agora é regular, profissional
Quem sabe até oficial

Porque toda aquela malandragem
Bem, ela não existe mais

Malandro de nascença
Malandro federal
Malandro na coluna social

Malandro contratado
Malandro com capital
Malandro que nunca se da mal

Sem Título e Sem Letra

E as nossas tatuagens ficaram para trás
Junto com sonhos perdidos
Hoje só restam lembranças, rancores e derrotas
Com ou sem pressa de ver o tempo passar
Agora ja tanto faz, uma diferença vulgar

Corro contra o vento
A favor do tempo
Não sei aonde parar
Faço tanta coisa
Sem a mínima importância
E não sei no que isso vai dar

Faço o que quiser
Rimo o que quiser rimar
Ando até aonde tiver vontade
Ando até cansar de mim

E agora sei que posso dar o meu melhor
Sem precisar olhar ao meu redor
Apenas observando
Ver o tempo passando
Para que um dia eu possa me encontrar

(Louise - Vanessa)

domingo, 31 de janeiro de 2010

Nem sempre se pode ser Deus

Descubro palavras entre tantas que invadem meu pensamento, vindas de um lugar distante. Ouço frases inteiras como se um outro conversasse incansavelmente comigo contando segredos da minha personalidade. Sussurradas, as vezes parecem palavras de medo. Medo de que eu realmente saiba tudo e nao me poupe de qualquer detalhe. Nao sei exatamente por que, mas cresci ouvindo essa voz que me acompanha onde quer que eu vá. Me acalma, me irrita, me entende. Na cama, posso escuta-la com mais clareza, as vezes me faz rir, chorar, cantar. Fecho os olhos e ouço histórias sobre o passado, fatos que ficaram apagados por algum motivo no labirinto onde se escondem as memórias. Agora escuto tudo na mais completa nitidez, nao só a voz, como todos os sons daquela época. Entre eles recebo noticias do futuro, caminhos anunciados atravez da mais despretenciosa decisão, calçado, quase sempre, nos erros de ontem. As vezes penso nas projeções que me acompanham ao longo da vida. Tenho guardado comigo sequencias impussiveis que na "peneira" do esquecimento venceram as realidades banais do meu passado. As realidades que nao foram banais vivem hoje juntas no mesmo "site" das projeções. Pra mim, tanto a realidade como as sequencias impussiveis do meu passado sao apenas lembranças extraidas da mesma memória. Enquanto as projeções nao se transformam em simples realidade, elas continuam eternas.